Antes de contarmos os detalhes, segue uma pequena retrospectiva sobre a viagem rumo à Russia.
No dia 11 de novembro cruzamos a linha de chegada da nossa viagem rumo à Russia. O retorno a este país tão bonito e que nos acolheu tão bem: Portugal.
Há 04 meses, em Espite-PT, fizemos o registro da nossa saída rumo à Russia de carro por meio deste vídeo:
Estávamos bem animados e excitados com a trajetória traçada pelo Edison e, ao mesmo tempo, um pouco apreensivos pela aventura de viajar de carro por estradas, cidades e fronteiras desconhecidas.
Considero que cruzamos a linha de chegada, porque comparo essa nossa viagem com uma maratona. No início, estamos excitados com o fato de correr 42 km por trajetos conhecidos ou não, tudo é excitante! A música, os companheiros maratonistas à nossa volta, tudo! Depois de uma estratégia montada para realizar bem a a maratona, como, por exemplo, treinamento, estudar o percurso, cumprir o ritmo necessário para conseguir chegar até a etapa final...e daí vai, estamos prontos para correr, só aguardando o início da corrida. Ficamos arrepiados quando escutamos a buzina estridente anunciando a tão esperada partida. Ficamos ainda mais entusiasmados quando passamos por pessoas aplaudindo, torcendo, tocando músicas e dançando. Estamos felizes por simplesmente estarmos ali, correndo, um momento único, uma relação com a paisagem, com as pessoas e, a cada quilômetro percorrido, sentimos o sabor de vitória. Quando já estamos mais próximo da metade, - pelo menos comigo era assim - a excitação já não é a mesma por conta dos desgastes físico e mental. No entanto, a resiliência, a determinação e, ainda, a motivação para cruzar a linha chegada, nos move, apesar das dificuldades enfrentadas.
Pois bem, essa nossa última viagem foi bem da forma que descrevi, uma maratona. Com altos e baixos. Cada comentário de um familiar ou amigo no whatsapp, Facebook, Instagram, Youtube, etc tornava-se uma alegria compensadora por tudo aquilo que estávamos compartilhando. Era uma injeção de ânimo e uma forma de demonstração de que, mesmo que alguns não compreendam nossa escolha, estão felizes por nós e agradecidos por receberem dicas e informações.
De uma forma bem resumida, a nossa viagem de Portugal até a Rússia foi assim, em julho e agosto, passamos por cidades, praias e montanhas maravilhosas da Espanha, França, Itália e Áustria. Seguimos o trajeto traçado inicialmente, mas com pequenas mudanças devido aos preços de algumas moradas. Algumas vezes tivemos que ficar em cidades mais próximas e não nos grandes centros. Como estávamos de carro, tivemos essa flexibilidade. Em setembro e outubro passamos por lugares que tínhamos receio de ir por falta de informação a respeito das condições das estradas, de como seria passar pelas fronteiras e se era seguro dirigir por "terras desconhecidas" - Edison escreveu um lindo texto sobre isso que está postado nesse blog -.
Seria diferente se a viagem fosse de avião e se alugássemos um carro em cada cidade. Talvez mais seguro. No entanto, não tínhamos escolha, era mais econômico irmos no nosso carro e foi a melhor coisa que aconteceu. Deu tudo certo! Percorremos não somente as cidades turísticas da Polônia, Lituânia, Letônia, Estônia e Rússia, como também exploramos as suas entranhas. Experimentamos o mais íntimo que esses países poderiam nos oferecer. Em alguns lugares ficamos mais tempo, em outros menos. Tudo dependia da nossa relação amorosa com cada um deles. E, como em qualquer relação amorosa, tivemos alguns probleminhas como ter que usar o santo Google Translator para conseguir comunicar; enfrentar um problema mecânico sério que o Bruno (nosso carro) apresentou na Polônia e na Rússia; ficar 14 horas numa fila de carro para conseguir passar pela fronteira entre a Ucrânia e a Polônia; ter que tirar tudo de dentro do carro para inspeção na fronteira entre Estônia e Rússia; passar por uma tentativa de suborno - um policial nos parou na estrada da Ucrânia e só desistiu quando viu que eu estava filmando.
Mas, como em toda relação amorosa madura, tudo isso foi facilmente superado. Tivemos experiências únicas e conhecemos pessoas muito especiais que nos acolheram, nos ajudaram e passaram a ser nossas amigas.
Por fim, novembro foi o mês da reta final, o de cruzar a linha de chegada. Já cansados e com data marcada na Secretaria de Estrangeiros e Fronteiras - SEF em Portugal, tivemos que retornar mais rápido e o máximo de tempo de parada em cada lugar foi de três dias, passando de volta por lugares ainda não conhecidos da Ucrânia, Polônia, Republica Tcheca, Áustria, Alemanha, Itália, França, Espanha até chegarmos de volta a Portugal.
E aqui estamos, em Albufeira, Algarve, Portugal. Voltamos para um lindo apartamento que ficamos em abril passado e onde celebramos o nosso aniversário - o meu é dia 05 e o do Edison é dia 03. Somos dois arianos que deram certo! Uhuuu! Agora estamos nos preparando para receber o nosso neto, Caio e um dos nossos filhos, Gabriel. Eles ficarão uns dias aqui conosco e, quando partirem, teremos, possivelmente, um novo trajeto de viagem traçado para seguirmos com a nossa peregrinação de nômades.
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