CRUZAMOS A LINHA DE CHEGADA DA VIAGEM RUMO À RÚSSIA - IDA-E-VOLTA DE PORTUGAL A MOSCOU


Foram quatro meses e quase 15.000 quilômetros percorridos com o Bruno (nosso SUV Mitsubishi Outlander) em mais uma andança desde que viemos definitivamente para a Europa dia 26 de outubro de 2017: antes desta aventura percorremos Portugal de norte a sul; atravessamos a Espanha e França para duas semanas entre natal e réveillon em Paris (depois das festas, deixamos o Bruno em um estacionamento em Paris e, fugindo do frio e chuva, fomos passar 70 dias na Tailândia/Malásia/Singapura); atravessamos a França e Espanha novamente para voltar a Portugal; percorremos várias vezes o Algarve de leste a oeste e volta; exploramos o sudoeste da Espanha – e voltamos para o Algarve.
Estes últimos quatro meses foram um tempo de enfrentamento do nosso medo de caminhos e lugares desconhecidos, com gentes e línguas desconhecidas. Foi um tempo de experiências maravilhosas como o espanto de ver ao pôr-do-sol a Puente Nueva de Ronda, ou de recordar que bronzeamos ao sol do Mediterrâneo em Málaga, que desafiamos o Caminito Del Rey em Granada, meditamos na maravilhosa Alambra de Granada, encantamos com as trilhas de montanha nas encostas de Válor, fomos furtados em Barcelona, quase atolamos em uma tempestade de neve em Andorra, presenciamos um episódio de quase-terrorismo em Carcassone, passeamos de mãos dadas pelas praias de Cannes e Saint Tropez, almoçamos com primos à beira-mar em Gênova, perdemos o fôlego nas trilhas de montanha dos alpes italianos em Trasquera, visitamos parentes e a casa do meu avô em Vogogna, hospedamos com um artista em Berlim, conhecemos as encantadoras velha e nova Varsóvia, perambulamos pelo mar dos países bálticos passando por Vilnius, Kaunas, Riga e Tallin, quase fomos deportados na fronteira com a Rússia*, apaixonamos pela encantadora São Petersburgo, e mais ainda pela maravilhosa cidade-luz Moscou.
Todo esse trajeto, feito preferencialmente fora das auto-estradas, nos levou a dezenas de pequenas e grandes encantadoras cidades e povoações, aldeias penduradas no alto das montanhas ou à beira de precipícios, estradas serpenteando por entre majestosos maciços alpinos, descidas e subidas como montanhas-russas, paisagens de muita luz e cor, casas coloridas plantadas em intermináveis gramados montanha acima ou até em picos de neves eternas, alternadas com paisagens de bosques verdejantes ou de árvores escandalosamente outonais.  
Foram quatro meses que poderiam não ter um fim, não fosse um compromisso com a imigração portuguesa no fim de novembro em Cascais. 

A nossa proposta de vida é a de ser nômades, sem prazos para parar ou continuar andando. Dois dias, duas semanas ou dois meses, o tempo de morada em cada lugar depende apenas da nossa vontade de ficar. A vida se faz pelo caminho, e o caminho mostra sempre o que está adiante.







* Vindos de Tallin (Estônia), a entrada na Rússia pela fronteira entre as cidades Narva e Ivangorod é relativamente rápida e sem burocracia - no lado russo, apenas uma fila de carros um pouco mais demorada que em um pedágio. No lado estoniano, porém, no primeiro controle antes de sair da Europa tivemos que tirar absolutamente tudo - nossa casa ambulante - de dentro do carro para inspeção. Quando pensamos que estava tudo resolvido, nova surpresa: estando há mais de 90 dias na Europa, ainda que com carro de placa portuguesa, precisávamos uma comprovação de residência legal em Portugal. Minha carteira de residente tinha sido furtada em Barcelona e a Marina ainda estava com o processo de residência temporária dela em andamento. Sem essa prova de legalização, corríamos o risco de termos o carro apreendido e de sermos DEPORTADOS como ilegais, ou daríamos saída da Europa mas não poderíamos retornar antes de três meses! Tínhamos uma carta com o número da minha carteira de residência e uma outra com o agendamento do processo da Marina, MAS AMBAS EM PORTUGUÊS, e sem autenticação nenhuma! Foi um sufoco! E uma confusão, à noite, com os agentes estonianos para lá e para cá, sem saberem exatamente o que fazer naquele caso e sem nos informar o que estava acontecendo. Ao fim de mais cinco horas nesse enrosco, - olha que benção dos nossos anjos protetores - o único oficial de fronteira que falava inglês fluente tinha um amigo do Serviço de Fronteiras de Portugal!!! Mesmo à noite, ele conseguiu contatar esse amigo, e obteve a confirmação da veracidade da informação de ambas as cartas, minha e da Marina! Tudo confirmado, o oficial colocou a informação no sistema informatizado do Espaço Schengen para que não tivéssemos mais problemas nas outras fronteiras. UFA! A entrada na Rússia foi simples e não demorou mais do que uma conferida dos nossos passaportes no sistema de informações. 


** A volta para Europa na fronteira Rússia-Ucrânia demandou apenas a checagem dos passaportes no lado Ucraniano. Porém, com a situação meio complicada da Ucrânia em relação ao resto da Europa, a entrada na Polônia na fronteira Ucrânia-Polônia tem um controle de fronteira que não existe entre os demais países da União Européia - revista de veículos, cargas e bagagens. Como consequência, enfrentamos 16 horas em uma fila tripla de carros que começava em território Ucraniano, só por causa das revistas, da burocracia e morosidade do pessoal de fronteira Polonês! Esse tempo todo na fila para depois passar pela guarita polonesa - por sorte ou pela placa portuguesa - sem nenhuma revista, apenas com uma olhada nos passaportes! Inacreditável!

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