Reabertura de fronteiras e afrouxamento da quarentena.





Clownvirus imagem de Pawel Kuczynski

O mundo continua desarrumado pelo COVID-19: aproximadamente 8 milhões de casos ocorreram no mundo, segundo os dados da Universidade Johns Hopkins. Hoje ainda existem 435.574 vitimas e o número continua aumentando diariamente. O Brasil já é considerado o país mais afetado no mundo depois dos Estados Unidos. O virus tem mutações e adaptações a cada dia e a China registra o temor de uma segunda onda mais mortal do que a primeira. 

Parece um cenário de filme-catástrofe hollywoodiano. A pandemia é séria, e é mortal, eu sei. Mas será que é só ela que acontece no mundo, somada às questões raciais assombradas pela morte do George Floyd e à barbárie político-social brasileira? 

Isso é quase que só o que aparece nos noticiários - para não falar do horror-fake das mídias sociais. Parece que, de repente, não há mais guerras e conflitos. Os horrores que acontecem na Síria, no Líbano, Afeganistão, Irã, Iraque, Venezuela, são corriqueiros, não são mais notícias, passaram ao quinto plano de importância midiática. 

No meio de tudo isso, políticos oportunistas de cima e de baixo tiram proveito do jornalismo de ocasião e dos desvios de atenção. Gente de todo o tipo se promove apoiados pela imprensa: Sara "Winters" passa de líder quase-terrorista a "influencer"; o racismo e segregacionismo branco piora nos EUA com Trump e escancara sua cara pelo mundo. 

O oportunismo jornalístico só provoca raiva e medo, deixou de ser uma atividade profissional que visaria coletar, investigar, analisar e transmitir informações da atualidade. O objetivo é ser o mais lido, o mais acessado, é ser aquele jornal/jornalista que consegue causar mais impacto com a notícia. O importante é a notícia que vende e a promoção pessoal, e não informação imparcial e correta. O âncora do telejornal passou a ser mais importante do que o que está noticiando. 

Enquanto isso, aqui em Colle di Val D´Elsa, Toscana, em plena Itália desenvolvida do século XXI, vê-se quantidade de luvas plásticas - e máscaras - levadas pelo vento no chão das saídas dos supermercados, shoppings e outros negócios, num cenário que se está tornando problema ambiental. 




Aparte dessa questão, a Itália está gradualmente voltando ao normal. O país continua cauteloso nas medidas de liberação. Como se pode ver nas postagens anteriores, as alterações da Fase 1 e 2 foram e estão sendo realizadas de acordo com os resultados que são analisados antes de qualquer tomada de decisão que é validada por meio de portarias ou decretos. 

A temporada do turismo chegou. E parece que os italianos descobriram que precisam dos turistas. Com o fechamento do país até há pouco, parece que tudo está mais leve. Estão mais receptivos. Não deve ser mesmo fácil lidar com as antigas multidões vindas de todas as partes do mundo. 

Ainda estamos na Fase 2, as escolas e universidades continuam fechadas. Os museus já estão funcionando, seguindo o mesmo protocolo dos estabelecimentos comerciais como a obrigatoriedade de uso de máscaras, álcool-gel e limitação de números de pessoas circulando. Os bares, lanchonetes e restaurantes estão atendendo nos seus locais e o protocolo é um pouco mais exigente (embora nem sempre cumprido): as mesas devem estar a uma distância de 2 metros umas das outras, os guardanapos devem ser de papel, os temperos como sal, pimenta e azeite devem ser servidos em embalagens individuais, como aqueles saquinhos de ketchup, maionese e mostarda. Por fim, os templos religiosos também estão liberados e tomando as medidas necessárias para manter a segurança sanitária aos seus seguidores. 

Nós aproveitamos um pouco a reabertura para revisitar cidades e alguns museus de Florença e Siena antes das fronteiras europeias reabrirem. A partir de hoje, alguns países já liberaram, como a Itália, Alemanha, França e Grécia, por exemplo. A previsão para Portugal e Espanha é para somente a partir do dia 01 de julho. 



Pintura de Sandro Boticelli: O Nascimento de Vênus. Galleria delli Uffizi


Para nós, esta é a grande oportunidade de revisitarmos as maravilhas da Itália sem a multidão usual. No entanto, é necessária precaução, observação e cautela. Não se sabe qual será o resultado das aberturas das fronteiras. Apesar dos protocolos de segurança, não sabemos se serão realmente suficientes para evitar que o vírus novamente se espalhe. 


Para nós, não são os decretos governamentais que vão melhorar o comportamento do virus e das pessoas - vetores da contaminação. Sabemos que a nossa proteção depende essencialmente do nosso comportamento e atenção. Proteger-se, praticar o distanciamento social, não facilitar, não dar chance ao azar, são nossos motes hoje. 


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